Monday, November 21, 2005

Bastardos do Cardeal

Quero morder-te as mãos , oh aranha que queres casar. Então, presa na sua teia, abandonada e à beira rio pela calada da noite, a cidade apodrece, remexendo o visco como as ratazanas dos esgotos ansiando alimento, percorrem-se as vielas. O amor, sublinhado a filigrama, submergido pelo lodo, torna-se disforme, destroço asfixiado em desperdício se o sol fotografa-nos o vómito de uma dor imensa derradeira... quero uma maçã em pickles !
A aranha, quer casar, mas a sua mente, demente, vivia na temperatura tépida dos lençóis. Aquele que dava pelo estranho nome de Amor. Às vezes soltava-se e percorria pela mão dos adolescentes nas ruas desertas, sombras escuras e conspiradoras - soltou-se o Amor - alguém gritava. Era a Barbie versão hospedeira de 1938.
E vinha o vermelho e invadia o vermelho e assanhavam-se os gatos conscientes da invasão da sua noite solitária. Depois apagava-se a última luz da última janela e desaparecia o Amor na tépidez dos lençóis. Ficava a lua, ficava o luar azul a reflectir perigosamente nas lâminas ensaguentadas dos adolescentes que apenas pensavam em castanhas assadas. Bebiam Sonasol verde, porque o amarelo, simplesmente não prestava. Era a aranha que queria casar com a carochinha ...

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